Saturday, November 04, 2006

Nosso futuro comum

Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

NOSSO FUTURO COMUM


DA TERRA AO MUNDO

Visão panorâmica da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente Desenvolvimento

Na metade do século passado o ser humano deu um grande salto e pela primeira vez se viu no espaço e também pode notar que a Terra era um planeta frágil e totalmente dominado pela ação do homem. A tecnologia deu ao homem uma velocidade em criar e produzir, mas também a entender e estudar a Terra como um Macro organismo.
Esta comissão criada pela ONU acredita em um futuro mais próspero e este relatório não tem uma visão fatalista que norteia o planeta e sim numa nova era de crescimento econômico com a conservação e expansão dos recursos naturais.
Esta esperança esta ligada a uma ação política decisiva visando administraros recursos naturais assegurando o progresso da humanidade, não tendo uma visão futurista de prever e sim de informar sobre as necessidades de garantir os recursos para o sustento das próximas gerações.

O DESAFIO GLOBAL

1.1 Êxitos e Fracassos

Com o avanço da tecnologia e estudos o homem acumulou conhecimentos e trouxe benefícios e os sinais positivos são visíveis, como a queda da mortalidade infantil a expectativa de vida, a alfabetização de adultos no mundo e a produção global de alimentos.
Mas como tudo tem seu preço, este avanço trouxe tendências que o planeta e seus habitantes não podem suportar por muito tempo, o chamado desenvolvimento trouxe claramente em termos absolutos um aumento de famintos no mundo. O capitalismo nos deixou um fosso entre nações ricas e pobres, dando poucas expectativas que este quadro se inverta.
As transformações estão ocorrendo, modificando radicalmente o planeta, ameaçando as espécies de vida, incluindo a espécie humana.
Chuvas acidas, desertificações, terras inférteis para a produção agrícolas vêem crescendo, sem esperanças de recuperações. Os políticos e seus governos estão se conscientizando que não há a possibilidade de se separar o desenvolvimento econômico das questões ambientais.
A pobreza é uma das principais causas dos problemas ambientais no planeta, tais problemas levaram a ONU a criar em 1983 a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Esta comissão visa reexaminar as questões relativas ao meio ambiente e formular propostas para melhorias; propor novas alternativas de cooperações internacionais
e dar aos indivíduos, governos e instituições, compreensão necessária, incentivando-os a uma atuação mais firme e positiva.
Sendo uma Comissão independente ela acabou se concentrando em um tema fundamental: A tendência de desenvolvimento resulta num crescimento da pobreza e na vulnerabilidade, causando danos ao Meio Ambiente. Esta percepção causou uma nova visão sobre o chamado desenvolvimento ; Assim o desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado por todos os Países.


1.2 As crises que se interligam

Já não faz tanto tempo assim, as atividades estavam , segundo nossa concepção dividida em setores com interesses diversos, atualmente este conceito foi disperso, dando lugar às chamadas crises.
Estas crises tornaram- se de interesses globais, pois não estão isoladas, tornando-se uma única crise. A forma crescente da economia fez a produção aumentar de forma assustadora nos últimos anos transformando a biosfera.
O crescimento trouxe uma aceleração do consumo dos recursos naturais da natureza, acredita-se que a nova tecnologia possibilitara a desaceleração da utilização dos recursos, pois os mesmos são finitos.
A preocupação deste novo milênio está centrada no impacto do desgaste ecológica, pois o global atinge diretamente o local, agora os ciclos localizados passam ao plano nacional e regional. A imigração por falta de recursos atualmente é um fato, e certamente o crescimento da área urbana esta há níveis assustadores.
Em Países em desenvolvimento as relações econômicas constituem em um problema para a administração do meio ambiente e a crise do sistema econômico torna-se global.
Nos Países em desenvolvimento que para pagar suas dividas dependem da venda de produtos primários para sobreviver, mesmos sabendo da difícil situação, Países em desenvolvimento ainda gastam com material bélico, armando seus exércitos.
Muitas formas de manter o chamado progresso humano são investimentos infrutíferos o qual as futuras gerações com certeza irão reclamar.


1.3 Desenvolvimento Sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável tem limites, não absolutos, mas existentes.
A comissão entende que para haver um desenvolvimento sustentável tem de atender as necessidades básicas de todas as populações, aspirando uma vida melhor.
Para haver um equilíbrio é preciso que os ricos adotem um novo estilo de vida, visando os recursos ecológicos do planeta e também a condição do aumento da população que aumenta o fator de consumo.
O desenvolvimento sustentável tem de estar em sintonia com as necessidades atuais e futuras, dependendo de um empenho político.






1.4 As Lacunas Institucionais

É forte a relutância dos governos em aceitar as rápidas mudanças e as transformações a qual o meio ambiente ocorre.
Estes novos desafios são interdependentes, exigindo a participação popular, mas as responsáveis pela administração dos recursos naturais ,são desvinculadas das que administram a economia, tornando- se necessária à cooperação de instituições internacionais.
Um grande desafio é dos governos é fazer com que as instituições façam e reconheçam a deterioração do meio ambiente, e com isso tomem medidas cabíveis para evitar tal problema. Pressionados pelos cidadãos os governos criaram órgãos, ministérios ambientais, concentrando- se nos estragos já existentes e incapazes de cuidar dos problemas sozinhos.
Atualmente o desafio é que diversos ministérios assumam a responsabilidade pela suas decisões e dar mais poder aos órgãos ambientais.
Para se evitar é preciso prever os danos ambientais levando em conta vários aspectos, sendo um dos desafios institucionais deste novo milênio.


2 AS DIRETRIZES DE POLÍTICA

A atenção da comissão se concentrou em alguns itens por entender que elas se interligam entre si e não podem ser tratados isoladamente.


2.1 População e Recursos Humanos

Em várias partes do mundo a população vem crescendo mais do que os seus recursos naturais podem suportar, eliminando o problema generalizado do problema, garantindo um acesso justo aos recursos.
São necessárias medidas urgentes para conter o aumento populacional e também a educação para poderem planejar e escolher o tamanho de suas famílias.
Se o mundo partilhar conhecimento, haverá melhor entendimento para partilhar os recursos globais.
Os povos tribais trabalham melhor a questão do desenvolvimento sustentável, uma vez que lidam de forma mais intima e com respeito às questões ambientais.








2.2 Segurança Alimentar: manter o potencial

Um numero cada vez maior da população, não está tendo acesso à alimentação a produção mundial tem condições de alimentar a todos, mas não há alimento disponível onde é necessário.
Nos Países industrializados a alimentação tem sido subsidiada, há investimento na produção e na tecnologia para aumentar a oferta, o que já não acontece nos Países em desenvolvimento, falta de investimento na produção agrícola, precisando de incentivo mais eficazes para estimular a produção.
É preciso uma relação de troca para favorecer o pequeno agricultor, em suma a fome advem pela falta de poder aquisitivo da população.



2.3 Espécies e ecossistemas: recursos para o desenvolvimento

A base cientifica já alertou a humanidade sobre as espécies do planeta que estão correndo risco de desaparecerem, um número cada vez maior estão em extinção.
A diversidade das espécies se faz necessária para manter o equilíbrio do ecossistema e da biosfera, pois alem dos valores materiais, há também o valor ético, moral e cultural.
Os governos podem frear as destruições em massa e também desenvolve-las economicamente. O conjunto de áreas protegido deverá ser bem mais amplas, e os governos deveriam considerar a possibilidade de criar uma convenção das espécies, com princípios relativos aos recursos universais ou seja, um pensamento global.



2.4 Energia: opções para o meio ambiente e o desenvolvimento

Uma energia constante seria indispensável para o desenvolvimento sustentável, mas ainda é uma utopia e os Países em desenvolvimento consomem muito mais energia.
Uma nova era de crescimento econômico deve consumir menos energia que no passado, pois as aparelhagem modernas podem ser reformuladas para que caia o consumo, fornecendo o mesmo rendimento.
Após anos de pesquisa, a tecnologia do uso nuclear ampliou bastante, mas a natureza de seus riscos tornou-se mais evidentes.
Cabe apenas esperar que o mundo reformule alternativas para diminuir o consumo com base nas fontes renováveis, mas para atingirmos esta meta é nec essário um programa e investimentos em pesquisas. Sabe-se que na atualidade o mundo necessita de grandes mudanças e que tais mudanças devem ocorrer mediante pressões do mercado.
Uma estratégica mudança será evidente e imperativa, mas com certeza dependerá de empenho político.






2.5 Industria: com menos, produzir mais


A produção vem acelerando de forma assustadora, considerando o crescimento populacional a produção de manufaturados cresce progressivamente.
A tecnologia tem sido eficiente na função de custos, mantendo estável o uso da matéria prima e os Países em desenvolvimento não estão disponibilizando de recursos nem de tempo pois a tecnologia se transforma com muita rapidez.
As novas tecnologias prometem maior produtividade e menor poluição e o controle de rejeitos tendem a ser mais rigorosos.



2.6 O desafio urbano


O mundo do século XXI será de predominantemente urbano, e os Países em desenvolvimento precisam aumentar suas capacidades de proporcionar infra-estrutura, serviços para manter as condições atuais que já estão precárias.
Poucos governos dispõem de recursos necessários para uma boa qualidade de vida, e o resultado é a proliferação de assentamentos ilegais, populações em crescimento e um aumento de doenças.
Os governos terão de formular o processo de urbanização, desafogar as grandes metrópoles, integrando-as as cidades interioranas, descentralizando a administração dos recursos. O envolvimento das populações e das comunidades será de vital importância para o êxito deste desafio.



3. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E REFORMA DAS INSTITUIÇÕES


3.1 O papel da economia internacional

Para se estabilizar a economia é necessária uma maior responsabilidade do banco mundial , já que este constitui no principal canal financeiro multilateral.
A divida dos Países em desenvolvimento, não coaduna com o desenvolvimento sustentável, sendo obrigados a recorrer a excedentes comerciais para pagar só serviços de suas dividas, explorando em excesso seus recursos naturais.
É necessário um aperfeiçoamento nos acordos dos serviços básicos e também um serviço diversificado de produtos. As empresas multinacionais são de vital importância para o desenvolvimento sustentável, pois os Países em desenvolvimento ac abam por depender economicamente do capital social destas empresas.





3.2 Administrando os bens comuns

As formas tradicionais de administração, conflitam com os bens comuns do globo, os oceanos estão sendo explorados de forma desordenada, assim como a órbita do planeta.
A comunidade internacional deveria por em prática e elaborar um regime especial de controle espacial e outro ponto importante é a Antártida que é submetida a um tratado desde 1959, mas muitas nações não participam de suas explorações e estudos.



3.3 Paz, segurança., desenvolvimento e o meio ambiente


O eminente perigo da guerra nuclear hoje se tornou um fato, não há limites para a insegurança do ponto de vista ambiental. O que se pode fazer é melhorara as relações entre as grandes potencias, uma vez que ainda na atualidade se faz mais testes nucleares do que outrora.
É preciso brecar os testes que se coloca como uma potente arma que ainda provoca a destruição em massa.


3.4 Mudança institucional e legal

As principais propostas estão contidas em seis áreas prioritárias, o qual a comissão sobre o meio ambiente coloca em seu relatório em especial no capítulo 12, com recomendações especificas.


3.4.1 Chegando às fontes


Esta chegando o momento das nações se responsabilizarem por programas que apóiem o desenvolvimento sustentável, devendo apoiar e cooperar os organismos internacionais bem como constituir núcleos dentro da ONU .


3.4.2 Lidando com as fontes


As nações devem criar e capacitar suas instituições de proteção ao meio ambiente, porém os Países em desenvolvimento precisarão de assistência e de administração de recursos.
O PNUMA já que é a principal fonte de dados sobre o meio ambiente.




3.4.3 Avaliando os riscos globais

A capacidade de se identificar os riscos globais devem ser ampliados e o0s governos são os principais responsáveis e o programa de vigilância do PNUMA é o principal sistema de avaliação de riscos da ONU.


3.4.4 Fazendo as opções conscientes


As opções necessárias deverão ter a opinião do público bem informado das Ong’s , industrias e da comunidade científica. Suas participações e funções nos planejamentos são de suma importância.


3.4.5 Providenciando os meios legais


O impacto acelerado sobre o meio ambiente, defasa o direito nacional e a tomada de decisões, por isso os governos devem preencher esta lacuna e buscar melhorias para proteger as futuras gerações a declaração universal sobre o meio ambiente visa aperfeiçoar os mecanismos de defesa e solucionar as questões relativas ao assunto.


3.4.6 Investindo em nosso futuro


Muito se investiu para demonstrar a eficiência na luta contra a poluição do meio ambiente, pois o prejuízo é claro e crescente. O banco mundial está incluindo os financiamentos sobre o meio ambiente, se comprometendo com o desenvolvimento sustentável.


4. APELO Á AÇÃO

A relação entre o homem e o meio ambiente vem se transformando ao longo dos anos, estas mudanças inesperadas vem suplantando os conhecimentos científicos.
E o mais preocupante é que este problema não se reduz a um único País somente.
Países em desenvolvimento e suas ações são duramente castigadas as extinções de vidas acarretam um grau de desequilíbrio na natureza. Os Países industrializados lançam produtos tóxicos na atmosfera que reagem em contato com a camada de ozônio.
É fato que devemos romper com o passado e a estabilidade deve ser buscada com as mudanças. A Comissão sobre o Meio Ambiente relacionou uma série de ações para minimizar os impactos sobre a natureza, sempre baseada nas instituições atuais para que as futuras gerações possam desfrutar de um mundo melhor.

Referência:


COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Comissão:
Presidente : Gro Harlem Brundtland (Noruega)
Vice Presidente: Mansour Khalid (Sudão)

Texto: NOSSO FUTURO COMUM
Editora da Fundação Getulio Vargas – FGV
Rio de Janeiro, RJ – 1991.
2 Edição – pg 01 a 26.




Comentários:

O referido texto serve como suporte para nortear e abrir o tema em questão, pois os pontos abordados são de interesse geral. Os autores abordam os diversos temas de modo muito simplista, colocando os problemas globais, em sua maioria , única e exclusiva dos Países em desenvolvimento.
Os grandes vilões da história, são os problemas econômicos, fruto do capitalismo e também os Países já industrializados que consomem os produtos manufaturados dos Países em desenvolvimento. Certamente a superpopulação e a condição de vida dos Países subdesenvolvidos, torna-se um problema nos tantos já descritos e cientes no âmbito global.
A elite dominante do planeta não esta interessada de certa forma em resolver os diversos problemas que acarretam e prejudicam o meio ambiente. O modelo econômico vigente, certamente não resolverá o problema da questão ambiental global, pois os interesses estão sempre voltados a se adquirir de maneira sistemática e compulsiva. Devemos com certeza
rever nossa postura diante do modo de vida empregado no cotidiano. Certamente o consumo permanecerá, mas já esta sendo dado o recado que os níveis de degradação estão insustentáveis no quadro mundial e o pior é que a degradação não escolhe , entre ricos e pobres, unificando os problemas em uma única existência.
È o que posso chamar de lei de causas e efeito, o que eu faço neste exato momento vai refletir no futuro.

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